Quem?
Literatura
Ana Isabel Soares

Quem?

Não é que esteja a esquivar-me ao assunto. Ou a tentar formar frases para que se ajustem a um tema. A verdade é que, as mais das vezes, não me recordo do que eu própria escrevi, quanto mais do que li – quanto mais, então, do que pensei escrever ou estive à beira de escrever. Patrick Süskind ganhou fama com O Perfume, o seu terceiro livro (entre nós, há uma edição da Editorial Presença, traduzida

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O luxo da conversa inteligente
Cinema e Audiovisual
Ana Isabel Soares

O luxo da conversa inteligente

18 de janeiro de 2007 foi uma quinta-feira. Foi um dos primeiros dias que passei na Universidade de Stanford e a data em que vi pela primeira vez Robert Pogue Harrison. Ouvira falar dele na véspera, quando tudo me era novidade. Os outros professores contavam-me que ele estivera internado, com um grave problema de coração – vim a saber mais tarde que estivera em paragem cardíaca, que roçara a morte e se salvara por um

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“Na cabaia de veludo/debruada a carmim cru”
Cinema e Audiovisual
Ana Isabel Soares

“Na cabaia de veludo/debruada a carmim cru”

É lugar-comum que o domínio da roupa e dos tecidos seja tema de mulheres. Não está em causa se a realidade o demonstra ou o infirma – é um tópico literário, por exemplo, dos mais antigos e dos que mais perduram. A Penélope da Odisseia tecia a cada dia a sua espera por Ulisses (tecia depois de desmanchar de noite o tecido, estratagema para enganar os pretendentes que aguardavam a notícia da morte do marido

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"nus ou vestidos e com sapatos na mão"
Literatura
Ana Isabel Soares

“nus ou vestidos e com sapatos na mão”

Ia escrever que o primeiro pedaço de Brasil que vi foi (pela janelinha de um avião que não descontinuava a carreira de arranha-céus) o céu de São Paulo – mas é mentira. Não foi nas vizinhanças do Frei Caneca, suores frios no corpo e o meu desprezo pelos avisos de um amigo, que aquele bairro era perigoso, que me mudasse para zona menos off da cidade (que off!, foi amores à primeira vista), como se

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Quem?

Quem?

Não é que esteja a esquivar-me ao assunto. Ou a tentar formar frases para que se ajustem a um tema. A verdade é que, as mais das vezes, não me recordo do que eu própria escrevi, quanto mais do que li – quanto mais, então, do que pensei escrever ou

O luxo da conversa inteligente

O luxo da conversa inteligente

18 de janeiro de 2007 foi uma quinta-feira. Foi um dos primeiros dias que passei na Universidade de Stanford e a data em que vi pela primeira vez Robert Pogue Harrison. Ouvira falar dele na véspera, quando tudo me era novidade. Os outros professores contavam-me que ele estivera internado, com

“Na cabaia de veludo/debruada a carmim cru”

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É lugar-comum que o domínio da roupa e dos tecidos seja tema de mulheres. Não está em causa se a realidade o demonstra ou o infirma – é um tópico literário, por exemplo, dos mais antigos e dos que mais perduram. A Penélope da Odisseia tecia a cada dia a

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“nus ou vestidos e com sapatos na mão”

Ia escrever que o primeiro pedaço de Brasil que vi foi (pela janelinha de um avião que não descontinuava a carreira de arranha-céus) o céu de São Paulo – mas é mentira. Não foi nas vizinhanças do Frei Caneca, suores frios no corpo e o meu desprezo pelos avisos de