O romance do amante
Literatura
Veronica Stigger

O romance do amante

L’amant, l’amant, toujours recommencé!   O amante da China do Norte se abre com um prólogo em que Marguerite Duras explica logo no primeiro parágrafo a escolha do título: “O livro poderia ter se chamado O amor na rua ou O romance do amante ou O amante recomeçado. Finalmente escolhemos entre dois títulos mais vastos, mais verdadeiros: O amante da China do Norte ou A China do Norte”. Este prólogo, escrito em primeira pessoa, traz

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Viva eu
Artes Visuais
Veronica Stigger

Viva eu

         Quem é eu quando se diz eu na literatura e na arte? Arthur Rimbaud, em carta para seu professor Georges Izambard em 13 de maio de 1871, ofereceu uma resposta célebre ao afirmar: “Eu é um outro” (“Je est un autre”). Nessa frase curta e precisa – de uma precisão que só os poetas são capazes de produzir –, está contida toda uma teoria da literatura. Ao conjugar o verbo em terceira pessoa, Rimbaud

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<i>Descrição do mundo</i>
Artes Visuais
Veronica Stigger

Descrição do mundo

Procuramos o infinito de maneira obsessional, enquanto que somos nós o infinito. Giordano Bruno   No capítulo XIII do Gênesis, Iahweh diz a um já velho Abraão: «Tornarei a tua posteridade como poeira da terra: quem puder contar os grãos de poeira da terra poderá contar teus descendentes!».[1] Esta frase foi tomada de empréstimo por Roman Opalka para o título de uma de suas águas-fortes, realizada em 1970 – ano em que fez suas últimas gravuras

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Eixo e antieixo
Artes Visuais
Veronica Stigger

Eixo e antieixo

Augusto de Campos, “Eixo”, 1957 Quando visitei o ateliê de Marcia de Moraes no final de outubro de 2022, havia dois grandes desenhos, presos à parede por fitas adesivas, que roubavam a atenção de quem entrava no ambiente. Eram Pele litoral e Contornos flácidos. O primeiro tornava evidente o que parece ser central na composição de vários de seus desenhos: tudo se organizava a partir de um eixo. Mas não um eixo reto, de acordo

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Sombras do Desejo
Artes Visuais
Veronica Stigger

Sombras do Desejo

À primeira vista, o conjunto escultórico Sombras, de 1952, realizado em gesso e em grandes dimensões, parece ser um desvio no desenvolvimento artístico de Maria Martins. Nele, duas figuras antropomórficas estilizadas aparecem ajoelhadas, sem braços e com as cabeças inclinadas em provável sinal de respeito. Uma delas apresenta duas grandes protuberâncias às costas, que lembram asas. Na outra, duas saliências no peito sugerem se tratar de uma mulher. Quando foi exibida pela primeira vez na

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O romance do amante

O romance do amante

L’amant, l’amant, toujours recommencé!   O amante da China do Norte se abre com um prólogo em que Marguerite Duras explica logo no primeiro parágrafo a escolha do título: “O livro poderia ter se chamado O amor na rua ou O romance do amante ou O amante recomeçado. Finalmente escolhemos

Viva eu

Viva eu

         Quem é eu quando se diz eu na literatura e na arte? Arthur Rimbaud, em carta para seu professor Georges Izambard em 13 de maio de 1871, ofereceu uma resposta célebre ao afirmar: “Eu é um outro” (“Je est un autre”). Nessa frase curta e precisa – de uma

<i>Descrição do mundo</i>

Descrição do mundo

Procuramos o infinito de maneira obsessional, enquanto que somos nós o infinito. Giordano Bruno   No capítulo XIII do Gênesis, Iahweh diz a um já velho Abraão: «Tornarei a tua posteridade como poeira da terra: quem puder contar os grãos de poeira da terra poderá contar teus descendentes!».[1] Esta frase foi

Eixo e antieixo

Eixo e antieixo

Augusto de Campos, “Eixo”, 1957 Quando visitei o ateliê de Marcia de Moraes no final de outubro de 2022, havia dois grandes desenhos, presos à parede por fitas adesivas, que roubavam a atenção de quem entrava no ambiente. Eram Pele litoral e Contornos flácidos. O primeiro tornava evidente o que

Sombras do Desejo

Sombras do Desejo

À primeira vista, o conjunto escultórico Sombras, de 1952, realizado em gesso e em grandes dimensões, parece ser um desvio no desenvolvimento artístico de Maria Martins. Nele, duas figuras antropomórficas estilizadas aparecem ajoelhadas, sem braços e com as cabeças inclinadas em provável sinal de respeito. Uma delas apresenta duas grandes