Cinema e Audiovisual

«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»
Artes Performativas
André Canhoto Costa

«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»

Entrevistámos Pedro Reis Sabido, investigador do Ralston College, especialista em Estudos Portugueses e Brasileiros e Literatura Africana Lusófona, a propósito dos limites do humor e outras questões de linguagem. Falámos sobre os bobos de Shakespeare, os Beatles, o império da família Balsemão (adeus empregos na IMPRESA), gladiadores, gurus espirituais, e ainda, como não podia deixar de ser, o ChatGPT.             A polémica sobre os problemas da linguagem e os limites do humor não parece abrandar,

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O luxo da conversa inteligente
Cinema e Audiovisual
Ana Isabel Soares

O luxo da conversa inteligente

18 de janeiro de 2007 foi uma quinta-feira. Foi um dos primeiros dias que passei na Universidade de Stanford e a data em que vi pela primeira vez Robert Pogue Harrison. Ouvira falar dele na véspera, quando tudo me era novidade. Os outros professores contavam-me que ele estivera internado, com um grave problema de coração – vim a saber mais tarde que estivera em paragem cardíaca, que roçara a morte e se salvara por um

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A Cultura confinada no Castelo
Artes Performativas
Gonçalo Carvalho Amaro

A Cultura confinada no Castelo

Texto de Gonçalo de Carvalho Amaro, autor convidado. _ Uma Cultura medievalizante? Em 1922, numa Áustria ainda a recuperar do fim do império, cerca de duas décadas após a obra seminal de Riegl, O Culto Moderno dos Monumentos, Franz Kafka, já debilitado, escrevia O Castelo, um dos melhores retratos sobre a burocracia e como a mesma pode ser, ao mesmo tempo, uma arma contra a Cultura e um instrumento para quem aprecia o controlo férreo e integral

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<i>Nobody’s Perfect</i>
Artes Performativas
Pedro Goulão

Nobody’s Perfect

“Nobody’s perfect” é a deixa perfeita, a punch-line derradeira de Some like it hot, considerado por muitos o melhor filme de comédia de todos os tempos e tema principal desta crónica. Não faltam citações da mesma e foi usada inúmeras vezes como lançamento da resposta “but who wants to be a nobody”. É também o nome de uma das biografias de Billy Wilder, o seu realizador e guionista, em co-autoria com o seu cúmplice habitual,

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Rever  <i>O Mundo do Silêncio</i>
Ciências
Gonçalo Calado

Rever O Mundo do Silêncio

Há muito que mergulho com uma garrafa de ar comprimido às costas, mas ainda me lembro da primeira vez que respirei por uma na gelada piscina dos bombeiros de Lisboa. Num primeiro instante mais a medo, pois até esse dia sempre bloqueara a respiração para imergir, mas logo veio a festa: “agora ninguém me para!”. E não parou. Esse poderoso aparelho, a que chamamos escafandro autónomo, foi uma daquelas invenções da Segunda Guerra Mundial: Émile

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Impressões a partir de <i>Ramiro</i>
Artes Visuais
Lia Ferreira

Impressões a partir de Ramiro

Graças a um comentário não sei de quem, a não sei que post de outrem que não retive, soube que a RTP2 tinha – em boa hora – passado cedo e a más horas (5 e tal da manhã!) o filme Ramiro (2017) de Manuel Mozos, que há muito acumulo na minha listinha de filmes “para ver mais tarde”, no Filmin. Não foi tarde, nem foi cedo, sentei-me e vi-o, através das gravações automáticas da

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Joana d’Arques, a shock jock em lume brando
Artes Performativas
Afonso Madeira Alves

Joana d’Arques, a shock jock em lume brando

Na América, por volta das duas da tarde de um tempo que por cá passava da hora, um homem adulto indignou-se. A causa da sua indignação entrara-lhe com estrondo pelo rádio do carro que conduzia, torturando-lhe o filho adolescente, amarrado ao banco pelo cinto de segurança. De pouco lhes valendo o aviso prévio do conteúdo potencialmente ofensivo que se seguia, palavras foram ouvidas, todas ditas num único fôlego, brutalmente encadeadas como uma combinação de Sugar

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Marialvas ou Libertinos?
Cinema e Audiovisual
Paulo Pinto

Ancient guilty apocalyptical pleasure

Foi com entusiasmo juvenil que me pus, há semanas, um pouco antes da bronca das partilhas de conta da Netflix, a ver o mais recente frisson de fast-food “histórica” (muito idêntica à original, isto é, gordurosa, nada nutritiva, cheia de emulsionantes e intensificadores de sabor, mas que devoramos avidamente e inundados de guilty pleasure): a série Ancient Apocalypse. Para quem não esteja bem a ver do que se trata, adianto que é uma série da

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0,71 — Braguilhas, armas e Putin. A vida de Steven Seagal
Cinema e Audiovisual
Bárbara Reis

0,71 — Braguilhas, armas e Putin. A vida de Steven Seagal

Durante anos, achei Steven Seagal um chato de galochas. Como homem, como actor, como tudo. Tem um ar boçal e pomposo e os seus filmes devem ser muito desinteressantes. Até que tropecei numa notícia e aqui estou para dizer: Steven Seagal é mais do que maçador. Começo pelo sexo para chegar à indústria de armamento e à política internacional. Será rápido. Farei uma ligação provavelmente injusta. Vou arriscar. O hábito é escrevermos sobre o que

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Simpatia inacabada #4
Cinema e Audiovisual
Alda Rodrigues

Simpatia inacabada #4

Problemas de tradução Vejo um vídeo com uma entrevista ao artista Jean-Michel Basquiat. Fora de campo, alguém pergunta: “Há raiva dentro de ti?” Ainda muito jovem, como sempre foi, o artista responde calmamente e com toda a naturalidade: “Claro que sim.” O entrevistador tenta então aprofundar: “Estás zangado com quê?” Basquiat cala-se. Atravessam-lhe o rosto toda a espécie de pensamentos amargos e emoções sombrias. A seguir, ainda em silêncio, tenta articular uma resposta. Pelo esforço

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«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»

«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»

Entrevistámos Pedro Reis Sabido, investigador do Ralston College, especialista em Estudos Portugueses e Brasileiros e Literatura Africana Lusófona, a propósito dos limites do humor e outras questões de linguagem. Falámos sobre os bobos de Shakespeare, os Beatles, o império da família Balsemão (adeus empregos na IMPRESA), gladiadores, gurus espirituais, e

O luxo da conversa inteligente

O luxo da conversa inteligente

18 de janeiro de 2007 foi uma quinta-feira. Foi um dos primeiros dias que passei na Universidade de Stanford e a data em que vi pela primeira vez Robert Pogue Harrison. Ouvira falar dele na véspera, quando tudo me era novidade. Os outros professores contavam-me que ele estivera internado, com

A Cultura confinada no Castelo

A Cultura confinada no Castelo

Texto de Gonçalo de Carvalho Amaro, autor convidado. _ Uma Cultura medievalizante? Em 1922, numa Áustria ainda a recuperar do fim do império, cerca de duas décadas após a obra seminal de Riegl, O Culto Moderno dos Monumentos, Franz Kafka, já debilitado, escrevia O Castelo, um dos melhores retratos sobre a burocracia

<i>Nobody’s Perfect</i>

Nobody’s Perfect

“Nobody’s perfect” é a deixa perfeita, a punch-line derradeira de Some like it hot, considerado por muitos o melhor filme de comédia de todos os tempos e tema principal desta crónica. Não faltam citações da mesma e foi usada inúmeras vezes como lançamento da resposta “but who wants to be

Rever  <i>O Mundo do Silêncio</i>

Rever O Mundo do Silêncio

Há muito que mergulho com uma garrafa de ar comprimido às costas, mas ainda me lembro da primeira vez que respirei por uma na gelada piscina dos bombeiros de Lisboa. Num primeiro instante mais a medo, pois até esse dia sempre bloqueara a respiração para imergir, mas logo veio a

Impressões a partir de <i>Ramiro</i>

Impressões a partir de Ramiro

Graças a um comentário não sei de quem, a não sei que post de outrem que não retive, soube que a RTP2 tinha – em boa hora – passado cedo e a más horas (5 e tal da manhã!) o filme Ramiro (2017) de Manuel Mozos, que há muito acumulo

Joana d’Arques, a shock jock em lume brando

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Marialvas ou Libertinos?

Ancient guilty apocalyptical pleasure

Foi com entusiasmo juvenil que me pus, há semanas, um pouco antes da bronca das partilhas de conta da Netflix, a ver o mais recente frisson de fast-food “histórica” (muito idêntica à original, isto é, gordurosa, nada nutritiva, cheia de emulsionantes e intensificadores de sabor, mas que devoramos avidamente e

0,71 — Braguilhas, armas e Putin. A vida de Steven Seagal

0,71 — Braguilhas, armas e Putin. A vida de Steven Seagal

Durante anos, achei Steven Seagal um chato de galochas. Como homem, como actor, como tudo. Tem um ar boçal e pomposo e os seus filmes devem ser muito desinteressantes. Até que tropecei numa notícia e aqui estou para dizer: Steven Seagal é mais do que maçador. Começo pelo sexo para

Simpatia inacabada #4

Simpatia inacabada #4

Problemas de tradução Vejo um vídeo com uma entrevista ao artista Jean-Michel Basquiat. Fora de campo, alguém pergunta: “Há raiva dentro de ti?” Ainda muito jovem, como sempre foi, o artista responde calmamente e com toda a naturalidade: “Claro que sim.” O entrevistador tenta então aprofundar: “Estás zangado com quê?”