Entre a obra queirosiana que o plano nacional de leitura nos dispensa de tresler, esconde-se Alves & C.ª, um curto romance de José Maria de Eça de Queiroz, editado e publicado em 1925 por José Maria de Eça de Queiroz, vinte e cinco anos depois da morte de José Maria de Eça de Queiroz. A igualdade antroponímica da frase anterior, uma jiga-joga capaz de ludibriar o maior dos atilados, é facilmente desconstruída se auxiliada pelos
Quando soube da notícia de uma ação policial na Alemanha que levou à detenção de 25 pessoas, o meu “sexto sentido” aprumou-se. Por várias razões. Uma, porque nasci na Alemanha, tenho pelo país um carinho muito especial — mesmo sendo português, identifico-me como “um bocadinho alemão” — e, por isso, notícias marcantes vindas de lá captam sempre a minha atenção. Outra, porque a notícia dava conta de que os detidos faziam parte de um grupo
É lugar-comum que o domínio da roupa e dos tecidos seja tema de mulheres. Não está em causa se a realidade o demonstra ou o infirma – é um tópico literário, por exemplo, dos mais antigos e dos que mais perduram. A Penélope da Odisseia tecia a cada dia a sua espera por Ulisses (tecia depois de desmanchar de noite o tecido, estratagema para enganar os pretendentes que aguardavam a notícia da morte do marido
Se, como uma sucessão de eventos e “casos de polícia” na política portuguesa tornou patente nos últimos meses, bastam alguns anos passados nos círculos do poder – mesmo nos mais afastados do centro – para inculcar em vulgares plebeus a ideia de que pertencem a uma casta superior, que paira acima da lei e cujo entendimento da “ética republicana” é estritamente subordinado ao proveito pessoal, poderá imaginar-se quão nocivo é para o carácter de um
[O]ne person’s ‘barbarian’ is another person’s ‘just doing what everybody else is doing. Susan Sontag Caro leitor que me olhas do outro lado (da janela do computador, a prótese-extensão que os humanoides carregam constantemente). Tinha pensado em falar-te sobre Viena, desde a última vez: estive lá a primeira vez pelas mãos de um filme, uma trilogia romântica dos anos noventa, daquelas que nos enchem de esperanças para a vida toda (the right place, the
Conhecem aquelas pessoas que, ao ouvir uma piada, dissecam-na ou divagam a propósito em vez de se rirem? Ou aqueles memes sobre psicólogos, que olham para as reações dos espetadores em vez do écran onde decorre a ação? É mais ou menos o que vou fazer aqui e agora. Em vez de lançar um enorme “uau!” de espanto acerca do grande blockbuster da quadra, Avatar: O Caminho da Água, vou dizer algumas coisas que giram
O colectivo Porta dos Fundos fez recentemente 10 anos. A sua origin story, se fosse contada pela Marvel, não podia ser mais edificante, enquanto lenda do humor. Cinco amigos, Gregório Duvivier, Fábio Porchat, João Vicente de Castro, António Tabet e o realizador Ian SBF, fartos de não encontrarem espaço para os seus projectos na TV mainstream brasileira, onde o humor oscilava entre o de talk shows, sitcoms mais ou menos inspiradas e escolinhas do professor
Escrever sobre comédia, criticar comédia, não é tarefa a que nos devamos dedicar de ânimo leve, tantas são as coisas que podem correr mal e ser nefastas para a nossa pobre saúde. Começa logo por haver muito boa gente que não vê utilidade no exercício, provavelmente uma das razões por que não existe crítica especializada sobre o assunto por cá. Isso e, claro está, praticamente não existir crítica, ponto. E a que há, justamente ou
É sempre entre a última de novembro e o dia de fazer a árvore de natal que chega o frio aqui a casa. Saem os agasalhos da arca de fecho de cobre e os cachecóis que deixei de usar quando entrei para a faculdade, com barras de cores alternadas, preto e branco ou amarelo. É sempre nesta altura que me volta a apetecer ver o Fargo, dos irmãos Coen, um filme de 1996. Quando me
Entre a obra queirosiana que o plano nacional de leitura nos dispensa de tresler, esconde-se Alves & C.ª, um curto romance de José Maria de Eça de Queiroz, editado e publicado em 1925 por José Maria de Eça de Queiroz, vinte e cinco anos depois da morte de José Maria
Quando soube da notícia de uma ação policial na Alemanha que levou à detenção de 25 pessoas, o meu “sexto sentido” aprumou-se. Por várias razões. Uma, porque nasci na Alemanha, tenho pelo país um carinho muito especial — mesmo sendo português, identifico-me como “um bocadinho alemão” — e, por isso,
É lugar-comum que o domínio da roupa e dos tecidos seja tema de mulheres. Não está em causa se a realidade o demonstra ou o infirma – é um tópico literário, por exemplo, dos mais antigos e dos que mais perduram. A Penélope da Odisseia tecia a cada dia a
Se, como uma sucessão de eventos e “casos de polícia” na política portuguesa tornou patente nos últimos meses, bastam alguns anos passados nos círculos do poder – mesmo nos mais afastados do centro – para inculcar em vulgares plebeus a ideia de que pertencem a uma casta superior, que paira
[O]ne person’s ‘barbarian’ is another person’s ‘just doing what everybody else is doing. Susan Sontag Caro leitor que me olhas do outro lado (da janela do computador, a prótese-extensão que os humanoides carregam constantemente). Tinha pensado em falar-te sobre Viena, desde a última vez: estive lá a primeira vez
Conhecem aquelas pessoas que, ao ouvir uma piada, dissecam-na ou divagam a propósito em vez de se rirem? Ou aqueles memes sobre psicólogos, que olham para as reações dos espetadores em vez do écran onde decorre a ação? É mais ou menos o que vou fazer aqui e agora. Em
O colectivo Porta dos Fundos fez recentemente 10 anos. A sua origin story, se fosse contada pela Marvel, não podia ser mais edificante, enquanto lenda do humor. Cinco amigos, Gregório Duvivier, Fábio Porchat, João Vicente de Castro, António Tabet e o realizador Ian SBF, fartos de não encontrarem espaço para
Escrever sobre comédia, criticar comédia, não é tarefa a que nos devamos dedicar de ânimo leve, tantas são as coisas que podem correr mal e ser nefastas para a nossa pobre saúde. Começa logo por haver muito boa gente que não vê utilidade no exercício, provavelmente uma das razões por
É sempre entre a última de novembro e o dia de fazer a árvore de natal que chega o frio aqui a casa. Saem os agasalhos da arca de fecho de cobre e os cachecóis que deixei de usar quando entrei para a faculdade, com barras de cores alternadas, preto
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