Artes Performativas

Meia-De-Leite Escura Em Chávena Escaldada
Artes Performativas
Renata Portas

Meia-De-Leite Escura Em Chávena Escaldada

 I´m out with lanterns, looking for myself. Emily Dickinson   Tic-tac. Tic -tac. Ou É tarde!  É tarde! Como diria o coelho de Alice, de relógio na mão, com o medo de perder a cabeça. Falhar deadlines: a última invenção para conseguirmos responder a prazos. Ficar tão prenhe de uma ideia, de um mundo que não há mais palavras: chegar ao fim de um ensaio com a boca muda, porque engravidamos de palavras de outros.

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O Marxismo, tendência Groucho
Artes Performativas
Pedro Goulão

O Marxismo, tendência Groucho

Groucho Marx, nascido Julius Henry Marx, em Nova Iorque, em 1890, disse um dia que “queria viver para sempre ou morrer a tentar”. Talvez não surpreendentemente, morreu a tentar, em Agosto de 1977. Entre um momento e outro, o tal tracinho que separa as datas de nascimento e morte nos obituários, ficou uma das mais longas, extraordinárias e influentes carreiras na história do humor americano e mundial, já para não falar de ele ser provavelmente

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Teatro cósmico #7
Artes Performativas
José Maria Vieira Mendes

Teatro cósmico #7

O segredo do Bichinho do Teatro   “Bichinho do teatro” é uma expressão usada por pessoas que se sentem próximas do teatro e que gostam de fazer ou de ver teatro. Usa-se para nomear o inefável ou explicar o inexplicável, bem como o que carrega alguma estranheza ou especificidade não familiar e que por isso não tem outra palavra para o descrever. Nesse sentido, aproxima-se da ideia de fantasma ou de ser invisível que contém

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Uma beleza mitológica: sobre um concerto dos <i>Big Thief</i> em abril
Artes Performativas
Martinho Lucas Pires

Uma beleza mitológica: sobre um concerto dos Big Thief em abril

Passei muito tempo fixado na figura de James Krivchenia, colocado numa das pontas do palco, com uma camisa clara e calções, óculos quadrados e barba, careca, e com algum cabelo comprido. Lembra-me a figura de David Berman, vocalista dos Silver Jews, numa fotografia em que este está sentado num sofá, de casaco azul semiaberto, calças bege, e sandálias. Creio que vi a imagem quando li a notícia da sua morte, há uns anos. No entanto,

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«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»
Artes Performativas
André Canhoto Costa

«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»

Entrevistámos Pedro Reis Sabido, investigador do Ralston College, especialista em Estudos Portugueses e Brasileiros e Literatura Africana Lusófona, a propósito dos limites do humor e outras questões de linguagem. Falámos sobre os bobos de Shakespeare, os Beatles, o império da família Balsemão (adeus empregos na IMPRESA), gladiadores, gurus espirituais, e ainda, como não podia deixar de ser, o ChatGPT.             A polémica sobre os problemas da linguagem e os limites do humor não parece abrandar,

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Teatro Cósmico #6
Artes Performativas
José Maria Vieira Mendes

Teatro Cósmico #6

Um espetáculo não é um espetáculo   Tenho uma amiga que me diz com alguma frequência que o que mais gosta de ver num teatro são bons espetáculos. Completa geralmente a afirmação com a descrição desse prazer que é único e por isso tão especial. Embora ela nunca tenha feito essa associação, imagino que a raridade é fundamental para o prazer, porque para a qualidade do espetáculo contará o fator surpresa. Isto significa que imagino,

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A Cultura confinada no Castelo
Artes Performativas
Gonçalo Carvalho Amaro

A Cultura confinada no Castelo

Texto de Gonçalo de Carvalho Amaro, autor convidado. _ Uma Cultura medievalizante? Em 1922, numa Áustria ainda a recuperar do fim do império, cerca de duas décadas após a obra seminal de Riegl, O Culto Moderno dos Monumentos, Franz Kafka, já debilitado, escrevia O Castelo, um dos melhores retratos sobre a burocracia e como a mesma pode ser, ao mesmo tempo, uma arma contra a Cultura e um instrumento para quem aprecia o controlo férreo e integral

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Autópsia de uma piada
Artes Performativas
Vasco M. Barreto

Autópsia de uma piada

Se uma piada chega à mesa de autópsia, podemos ter a certeza de que não haverá erro médico; a piada está mesmo morta, finada, defunta, liquidada. Excluindo o pequeno grupo de estudiosos do humor, que se interessam tanto pela piada falhada como por aquela que gera uma gargalhada, explicar a nossa piada é sempre um exercício penoso em que a expectativa do autor se vai desnudando perante a indiferença da sala. “Era uma piada” nunca

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<i>Nobody’s Perfect</i>
Artes Performativas
Pedro Goulão

Nobody’s Perfect

“Nobody’s perfect” é a deixa perfeita, a punch-line derradeira de Some like it hot, considerado por muitos o melhor filme de comédia de todos os tempos e tema principal desta crónica. Não faltam citações da mesma e foi usada inúmeras vezes como lançamento da resposta “but who wants to be a nobody”. É também o nome de uma das biografias de Billy Wilder, o seu realizador e guionista, em co-autoria com o seu cúmplice habitual,

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Teatro Cósmico #5
Artes Performativas
José Maria Vieira Mendes

Teatro Cósmico #5

Parem de nos salvar Num muro junto à Praça do Chile, em Lisboa, alguém escreveu: “Parem de nos salvar. Ass.: Golfinhos”. Associo esta frase a um episódio que um camarada das artes performativas, o André e. Teodósio, me contou. Por altura da estreia do seu espetáculo, que se chamava Metanoite (Fundação Calouste Gulbenkian, 2007), um espectador cruzou-se com ele no final e comentou: “Gostei muito, é desafiante, super experimental, acho muito bem, mas olha…” (e

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Meia-De-Leite Escura Em Chávena Escaldada

Meia-De-Leite Escura Em Chávena Escaldada

 I´m out with lanterns, looking for myself. Emily Dickinson   Tic-tac. Tic -tac. Ou É tarde!  É tarde! Como diria o coelho de Alice, de relógio na mão, com o medo de perder a cabeça. Falhar deadlines: a última invenção para conseguirmos responder a prazos. Ficar tão prenhe de uma

O Marxismo, tendência Groucho

O Marxismo, tendência Groucho

Groucho Marx, nascido Julius Henry Marx, em Nova Iorque, em 1890, disse um dia que “queria viver para sempre ou morrer a tentar”. Talvez não surpreendentemente, morreu a tentar, em Agosto de 1977. Entre um momento e outro, o tal tracinho que separa as datas de nascimento e morte nos

Teatro cósmico #7

Teatro cósmico #7

O segredo do Bichinho do Teatro   “Bichinho do teatro” é uma expressão usada por pessoas que se sentem próximas do teatro e que gostam de fazer ou de ver teatro. Usa-se para nomear o inefável ou explicar o inexplicável, bem como o que carrega alguma estranheza ou especificidade não

Uma beleza mitológica: sobre um concerto dos <i>Big Thief</i> em abril

Uma beleza mitológica: sobre um concerto dos Big Thief em abril

Passei muito tempo fixado na figura de James Krivchenia, colocado numa das pontas do palco, com uma camisa clara e calções, óculos quadrados e barba, careca, e com algum cabelo comprido. Lembra-me a figura de David Berman, vocalista dos Silver Jews, numa fotografia em que este está sentado num sofá,

«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»

«Humoristas de sucesso? São os gurus de um novo e necessário culto.»

Entrevistámos Pedro Reis Sabido, investigador do Ralston College, especialista em Estudos Portugueses e Brasileiros e Literatura Africana Lusófona, a propósito dos limites do humor e outras questões de linguagem. Falámos sobre os bobos de Shakespeare, os Beatles, o império da família Balsemão (adeus empregos na IMPRESA), gladiadores, gurus espirituais, e

Teatro Cósmico #6

Teatro Cósmico #6

Um espetáculo não é um espetáculo   Tenho uma amiga que me diz com alguma frequência que o que mais gosta de ver num teatro são bons espetáculos. Completa geralmente a afirmação com a descrição desse prazer que é único e por isso tão especial. Embora ela nunca tenha feito

A Cultura confinada no Castelo

A Cultura confinada no Castelo

Texto de Gonçalo de Carvalho Amaro, autor convidado. _ Uma Cultura medievalizante? Em 1922, numa Áustria ainda a recuperar do fim do império, cerca de duas décadas após a obra seminal de Riegl, O Culto Moderno dos Monumentos, Franz Kafka, já debilitado, escrevia O Castelo, um dos melhores retratos sobre a burocracia

Autópsia de uma piada

Autópsia de uma piada

Se uma piada chega à mesa de autópsia, podemos ter a certeza de que não haverá erro médico; a piada está mesmo morta, finada, defunta, liquidada. Excluindo o pequeno grupo de estudiosos do humor, que se interessam tanto pela piada falhada como por aquela que gera uma gargalhada, explicar a

<i>Nobody’s Perfect</i>

Nobody’s Perfect

“Nobody’s perfect” é a deixa perfeita, a punch-line derradeira de Some like it hot, considerado por muitos o melhor filme de comédia de todos os tempos e tema principal desta crónica. Não faltam citações da mesma e foi usada inúmeras vezes como lançamento da resposta “but who wants to be

Teatro Cósmico #5

Teatro Cósmico #5

Parem de nos salvar Num muro junto à Praça do Chile, em Lisboa, alguém escreveu: “Parem de nos salvar. Ass.: Golfinhos”. Associo esta frase a um episódio que um camarada das artes performativas, o André e. Teodósio, me contou. Por altura da estreia do seu espetáculo, que se chamava Metanoite